Amauri Queiroz

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Nova Série - Brasileiros que nos Orgulham

Florestan Fernandes é considerado o criador
 da sociologia crítica no Brasil. Possui mais de 50 obras publicadas
Florestan Fernandes enfrentou, ainda criança, enormes dificuldades para estudar. Filho de mãe solteira, não conheceu o pai. Começou a trabalhar, como auxiliar numa barbearia, aos seis anos. Também foi engraxate. Estudou até o terceiro ano do primeiro grau. Só mais tarde, voltaria a estudar, fazendo curso de madureza, estimulado por frequentadores do bar Bidu, no centro de São Paulo, onde trabalhava como garçom. Em 1941, ingressou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, formando-se em ciências sociais. Iniciou sua carreira docente em 1945, como assistente do professor Fernando de Azevedo, na cadeira de Sociologia II. Na Escola Livre de Sociologia e Política, obteve o título de mestre com a dissertação "A organização social dos Tupinambás". Em 1951, defendeu, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, a tese de doutoramento "A função social da guerra na sociedade tupinambá", posteriormente consagrado como clássico da etnologia brasileira, que explora com maestria o método funcionalista.

Seus ensaios mais importantes acerca da fundamentação da sociologia como ciência foram, posteriormente, reunidos no livro "Fundamentos empíricos da explicação sociológica". Seu comprometimento intelectual com o desenvolvimento da ciência no Brasil, entendido como requisito básico para a inserção do país na civilização moderna, científica e tecnológica, situa sua atuação na Campanha de Defesa da Escola Pública, em prol do ensino público, laico e gratuito enquanto direito fundamental do cidadão do mundo moderno. Durante o período, foi assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de Sociologia, substituindo o sociólogo e professor francês Roger Bastide em caráter interino até 1964, ano em que se efetivou na cátedra, com a tese "A integração do negro na sociedade de classes". Aposentado compulsoriamente pela ditadura militar em 1969, foi Visiting Scholar na Universidade de Columbia, professor titular na Universidade de Toronto e Visiting Professor na Universidade de Yale e, a partir de 1978, professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Em 1986 foi eleito deputado constituinte pelo Partido dos Trabalhadores, partido que ajudou a fundar, tendo atuação destacada em discussões nos debates sobre a educação pública e gratuita. Em 1990, foi reeleito para a Câmara dos Deputados.

O nome de Florestan Fernandes está obrigatoriamente associado à pesquisa sociológica no Brasil e na América Latina. Sociólogo e professor universitário, com mais de cinquenta obras publicadas, ele transformou o pensamento social no país e estabeleceu um novo estilo de investigação sociológica, marcado pelo rigor analítico e crítico, e um novo padrão de atuação intelectual.

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que foi orientado em seus trabalhos acadêmicos por Florestan, estabeleceu com ele forte relação afetiva, mantida até a morte do sociólogo.Florestan, com graves problemas no fígado, em 1995, submeteu-se a um transplante de fígado mal sucedido na Hospital das Clínicas de São Paulo, realizado pelo professor Silvano Raia. Morreu logo após a cirurgia.

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