Amauri Queiroz

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Édipo Gritante
O que fazer quando ele vê na mulher uma outra mãe?

E aqueles que foram vistos dançando,
foram julgados insanos por aqueles
que não podiam escutar a musica.
(Friedrich Nietzsche)

Um casal tem por obrigação de "demarcar seu território" em relação às suas famílias - do homem e da mulher, respectivamente. Família não se pode escolher e, por isso, somos submetidos muitas vezes à ditadura de sogras, irmãs, cunhados, primos, primas, etc.
O sentimento e a unidade da família só têm sentido quando for para iluminar os lares de felicidade. A vida é muito dura e em muitas vezes, nos momentos em que estamos mais fragilizados, parte da família, tentan nos culpar, nos diminuir, nos magoar.
Parece que querem nos jogar de vez no precipício. Agora, por outro lado, fugir de uma realidade que está posta, pode ser um "tiro pela culatra". No caso feminino, a mulher geralmente é cobrada, por força atávica, pelo mundo matriarcal, de "roubar" o varão da família e querê-lo só para si. Para algumas famílias é uma grande blasfêmia o ato de “tirar o menino de casa”. E você mulher, precisará estar atentíssima, pois, havendo uma crise qualquer, poderá ser cobrada por ter propiciado a separação da família e usurpado o filho da mãe (com ou sem trocadilho, fiquem à vontade...).
As decisões devem ser pensadas para que as cobranças futuras, não sejam um fardo pesado demais para se carregar. Por incrível que pareça ainda se vê no mundo moderno o filho que sofre forte influência de mãe e, quando resolve tentar ser um homem independente, saindo de casa e construindo um lar, geralmente com uma mulher, bate uma síndrome de Édipo daquelas de arrasar quarteirão.
Na tragédia de Sófocles, a obsessão libidinosa do filho pela madrasta, Jocasta, leva Édipo a matar seu pai Laio, para que possa enfim desposá-la. Ao descobrir que Jocasta era sua mãe verdadeira, fura os próprios olhos e Jocasta dá cabo da própria vida, encerrando a tragédia. Sófocles apresenta-se cada vez mais atual, se fizermos uma reflexão profunda sobre as relações triangulares entre mães, filhos, esposas e mulheres. Para aumentar o caos, Carl Jung nos brinda com Complexo de Electra que analisa a aguerrida disputa entre mães e filhas pelo amor do pai e esposo. É outro mito grego baseado em Electra, filha de Agamenon que juntamente com seu irmão tramou a morte da mãe Clitemnestra, para vingar a morte do pai, pelo qual era apaixonada. Nosso herói então, para aliviar a culpa de ter se separado da mãe, resolve cobrar da companheira, sua mulher, a postura da mãe protetora e de suas idiossincrasias edipianas. Na verdade não digeriu bem a “separação” e o afastamento da mãe. Apesar de nos primeiros momentos ter conseguido abafar o Édipo que grita em suas entranhas.
Ele precisa de outra mãe. E agora? Você é mulher, não é mãe... Talvez esteja até precisando de um pouquinho de pai! E o chorão ali, querendo colo... Reclamando que o frango tá sem sal, que a camisa não está bem passada...que a mãe dele fazia assim e assado... Putz...Às vezes o problema está dentro da gente e por diversos motivos, ficamos repassando-o para outras pessoas. É importante avaliar até que ponto, as coisas são isso mesmo. Família não tem poder para acabar com uma relação completa e plena. O que acaba com o amor a dois é desamor... Hábitos destrutivos como a infidelidade, o desrespeito, a rejeição, não ouvir a companheira, a imaturidade para criar os filhos, falta de compromisso com o outro. Um conjunto de artimanhas que certamente são estratégias do Édipo gritante que dará fim à relação amorosa tão sonhada e desejada.