Amauri Queiroz

quarta-feira, 25 de maio de 2011

FORÇAS ESPECIAIS DOS EUA MATAM BIN LADEN

O CRIADOR MATOU A CRIATURA


O mundo recebeu atônito a informação que certamente causará grandes impactos na história contemporânea universal. Na segunda-feira, 02 de maio de 2011, o Presidente Barak Obama noticiou a execução por parte de um comando especial Seal da Marinha dos EUA, do principal líder da rede al-Qaeda, Osama Bin Laden, que em 2001 comemorou em vídeo o sucesso dos horrendos ataques do 11 de setembro, onde mais de 3.000 pessoas de diversas nacionalidades que perderam a vida em New York, Washington e Pennsylvania.
Usāmah bin Muhammad bin Lādin, também chamado de ‘O Emir’, nasceu em 10 de março de 1957. filho único de Hamida al Athas, décima esposa de Muhammed bin Laden, pobre imigrande iemenita que fez grande fortuna no ramo da construção civil erigindo um império em seu novo país. A família bin Laden é a segunda mais próspera da Arábia Saudita, abaixo apenas da casa real de Riad. Osama bin Laden graduou-se em Engenharia na Universidade Rei Abdul Aziz, na Arábia Saudita, tinha mais de 50 irmãos e 23 filhos, tendo casando-se com seis esposas. Seu patrimônio é estimado em 250 milhões de dólares investidos em mais de 60 empresas ao redor do globo.
Sua ligação com as forças de segurança dos EUA remonta desde 1979, quando aos 22 anos se tonou voluntário, com o apoio da CIA – Agência Central de Inteligência, no combate aos soviéticos que invadiram o Afeganistão. Osama nunca titubeou em dilapidar sua fortuna na ‘guerra santa’ contra o ‘exército vermelho’, financiando e organizando grupos de árabes e acampamentos de milícias armadas jihadistas no combate aos invasores soviéticos. O embaixador saudita nos EUA príncipe Bandar bin Sultan, disse ter conhecido Bin Laden nos anos 80, quando Osama agradeceu-lhe pelo apoio que os sauditas e os EUA estavam dando contra os soviéticos. A Al Qaeda, foi fundada em 1987, ainda durante a guerra de guerrilha com Moscou.
Em 1991, vivendo em sua terra natal, critica o governo saudita pela utilização do seu território por forças dos EUA, na Guerra do Golfo. Considerado ‘persona non grata’. Deixa o país e em 1994 e parte para o Sudão onde se estabelece como empresário enquanto nas sombras organiza a Al Qaeda, pensando em destronar e destruir a família real saudita. Bin Laden nunca aceitou o modo ocidental de viver do Rei Fahd e seus familiares, buscando a implantação de um ‘califado islâmico’.
No Sudão alia-se com grupos islâmicos egípcios, que o influenciaram a combater de forma xenofóbica judeus e estrangeiros ocidentais. Nesse meio tempo assumiu o terrorismo como modo de ação, executando pequenos ataques no Egito e Argélia. Em meados dos anos 90 fracassa em um atentado contra a vida do presidente do Egito, Hosni Mubarak. Por esse motivo foi expulso do Sudão a pedido dos países árabes. Perdeu todos os seus bens, partindo falido para o Afeganistão, com um pequeno grupo de seguidores. Nesse interim a família o renega e ele perde a nacionalidade saudita.
No Afeganistão, investe todas as suas forças na causa islâmica, reconstruindo gradualmente a organização terorista, aliando-se a outros grupos islâmicos abrigados no país. Dentre todos tinha como principal parceiro a poderosa "Al Jihad" egípcia e o lado mais radical da Irmandade Muçulmana. Define então os EUA como o grande adversário, o grande ‘satã’ a ser combatido. Fortalece-se mais ainda ao juntar-se ao Talibã, grupo financiado pelos EUA e Arábia Saudita e comandado pelo novo companheiro o Mulá Omar. Juntos organizam campos de treinamento de guerrilheiros e passam a ameaçar os Estados Unidos. Inicia-se o período das grandes ações com o ataque das embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia em 1998, que resultou na morte de quase 300 pessoas e milhares de feridos. Em 2000 atacam o navio de guerra dos EUA, USS Cole, no porto do Iêmen, matando 17 marinheiros estadunidenses.
O ‘apocalipse’ se deu no 11 de setembro de 2001, com dois aviões atirados contra as torres gêmeas do World Trade Center e um no Pentágono, coração das forças armadas dos EUA. A partir de então, com o início da Guerra ao Terror, as forças de segurança dos Estados Unidos, em especial as agências de informações oficiais (CIA, USSOCOM e JSOC) e não-oficiais, a elite dos comandos especiais Seal e Delta, o Mossad israelense e os serviços secretos europeus e árabes, empreenderiam uma caçada sem tréguas ao líder terrorista.
Das cavernas de Tora Bora às tribos nômades do Paquistão, desertos, montanhas, cidades, céus e mares. tudo era vasculhado com a violência de um tornado, pelas operações militares e com a paciência de um enxadrista, pelos setores de inteligência. A captura era questão de tempo, mesmo que levasse uma década. Em 1 de maio de 2011 o presidente dos EUA, Barak Obama anunciou que Osama bin Laden havia sido morto. A operação hiper-sigilosa foi filmada e acompanhada pela casa Branca em tempo real. Ao final a mensagem em linguagem das forças especiais: “Geronimo/ EKIA” (Gerônimo – codinome para Bin Laden e Enemy Killed in Action, traduz-se:  Inimigo Morto em Ação”. Nada de cavernas nem desertos, Bin Laden foi fuzilado pelas forças especiais dos EUA em uma mansão de um milhão de dólares no subúrbio de Abbottabad, há menos de um quilômetro de distância de uma academia militar. A cidade dista cerca de 50 quilômetros da capital paquistanesa de Islamabad.
Algumas reflexões martelam a mente de especialistas em geopolítica: será mera coincidência a morte de Osama acontecer simultaneamente aos levantes populares do Norte da África? Estará a Al Qaeda por trás da insurgência popular, como enfatizam Ali Abdullah Saleh, Kadafhi e Bashar Assad, presidentes do Iêmen, Líbia e Síria e Hosni Mubarak, presidente deposto do Egito, países diretamente atingidos pelos levantes? Será que as forças internacionais (política e negócios) temem a instalação de um califado islâmico na região, sonho acalentado por Bin Laden?
Em seu documentário, Fahrenheit 9/11, o cineasta Michael Moore detalha a cumplicidade entre a família Bush e amigos com a família Bin Laden. Moore mostra uma relação de trinta anos, e nos leva a crer que guerras como Iraque e Afeganistão são meros artifícios utilizados para os grandes grupos econômicos defenderem os interesses americanos e sauditas na região. O que sabemos verdadeiramente é que durante o caos do 11 de setembro, nos EUA, o único avião civil autorizado a decolar e cruzar o espaço aéreo do país foi o jato da família Bin Laden, autorizado diretamente pelo presidente dos EUA à época, George Bush. Já na era Obama, para a conjuntura política dos democratas, nada seria mais circunstancial que a captura e morte do inimigo nº 1 dos EUA. Pois, como é de praxe, todos os mandatários estadunidenses costumam gerar fatos espetaculares antes das eleições presidencias. O Oriente Médio continua sendo um prato cheio para essas operações.

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