Amauri Queiroz

quarta-feira, 18 de maio de 2011


Andrea Horta

Quando fazia teatro em São Paulo, Andréia Horta buscava um jeito de pagar as contas. Juntou os textos que estavam guardados na gaveta e, numa edição independente, lançou um livro de poesias, "Humana Flor". O tempo de dureza passou. Andréia estrelou a série "Alice", na HBO, fez parte do elenco de "A cura", na Globo, e agora brilha na novela das seis, "Cordel Encatado". Mas a poesia ficou para sempre. Andréia faz uma poesia feminina. Não por acaso seu livro tem epígrafe de Clarice Lispector e um texto dedicado a Ana Cristina Cesar. Veja aqui embaixo um exemplo. Não tem título, como todas as poesias da atriz. É apenas a número 4.

Número 4

Quando faço o prato do meu homem

Encho de recheio pra ele gostar até o fim.

Quando ele vai chegar

Coloco grampo no cabelo

Ponho fronha branca pra ele dormir em paz

Passo bem o bife e a camisa dele

Arrumo as gavetas

Faço ele gozar

Depois ele ronca bem baixinho no meu ouvido

Quando ele me toca meu rio corre

E eu sou tanto que quase desapareço

e ele é tanto que quase não existe

É um homem livre

E eu sei disso.

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