Andrea Horta
Quando fazia teatro em São Paulo, Andréia Horta buscava um jeito de pagar as contas. Juntou os textos que estavam guardados na gaveta e, numa edição independente, lançou um livro de poesias, "Humana Flor". O tempo de dureza passou. Andréia estrelou a série "Alice", na HBO, fez parte do elenco de "A cura", na Globo, e agora brilha na novela das seis, "Cordel Encatado". Mas a poesia ficou para sempre. Andréia faz uma poesia feminina. Não por acaso seu livro tem epígrafe de Clarice Lispector e um texto dedicado a Ana Cristina Cesar. Veja aqui embaixo um exemplo. Não tem título, como todas as poesias da atriz. É apenas a número 4.
Número 4
Quando faço o prato do meu homem
Encho de recheio pra ele gostar até o fim.
Quando ele vai chegar
Coloco grampo no cabelo
Ponho fronha branca pra ele dormir em paz
Passo bem o bife e a camisa dele
Arrumo as gavetas
Faço ele gozar
Depois ele ronca bem baixinho no meu ouvido
Quando ele me toca meu rio corre
E eu sou tanto que quase desapareço
e ele é tanto que quase não existe
É um homem livre
E eu sei disso.
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