Amauri Queiroz

terça-feira, 31 de maio de 2011

Míriam Leitão, Christine Lagarde e o FMI


O FMI virou não se sabe muito bem o que depois do terremoto de 2008 e seus after-shocks. Tão duro e exigente com os emergentes, tão condescendente com os países que o controlam! É uma contradição insanável. Ontem, Christine Lagarde disse que ser europeia não é benefício nem falta. É benefício sim. É o que a mantém na frente da disputa.
Lagarde tem vários méritos, mas sua certidão de nascimento é o fator determinante de estar na frente da disputa pelo cargo mais importante do Fundo Monetário Internacional (FMI). Fosse tudo o que é, boa gerente, boa ministra das Finanças, advogada reconhecida, boa comunicadora, boa negociadora, com inglês perfeito, mas tivesse nascido em qualquer país não europeu, não seria a candidata do G-8. Portanto, não é uma falha ser europeia, mas é um benefício.
Lagarde será a nova diretora-gerente do FMI porque os ricos se uniram em torno dela e porque os emergentes não se uniram em torno de ninguém. A China está de olho em um lugar para si, o segundo posto. Os candidatos avulsos que aparecem são mais lembranças de analistas que qualquer movimento de articulação. Só o México lançou Agustín Carsten, presidente do Banco Central do país.
A imprensa inglesa tem criticado mais que os países emergentes esse monopólio do cargo mais importante do Fundo pela Europa. Segundo a “Economist”, o monopólio é há muito tempo uma anomalia.“É tempo de acabar com isso.” Ainda de acordo com a revista, “dadas as circunstâncias da saída do Sr. Strauss-Kahn, o fato de ela ser mulher é um bônus.”
O Brasil não tem intenção de lançar candidatura para marcar posição, mas gostaria que tivesse sido diferente a substituição de Strauss-Kahn. Inclusive quando o francês esteve no Brasil pedindo voto, o país tinha pedido que o critério de ser sempre um europeu a dirigir o Fundo fosse quebrado. Ele prometeu. Mas sua saída intempestiva e traumática invalidou o combinado.
Mais do que um critério ultrapassado, o que a “Economist” diz é que é inapropriado que seja um europeu porque é lá que ocorre a principal crise financeira do mundo hoje. “O Fundo teria que ser um árbitro imparcial da política econômica. É a única organização que pode forçar a repensar a estratégia falha para a solução dos problemas da Grécia, Portugal e Irlanda.” Segundo a revista, as pretensões presidenciais do ex-diretor-gerente Dominique Strauss-Kahn o levou a ser muito suave nas exigências à região. Diz ainda que Lagarde fez parte desse movimento de “defender o indefensável.”
O mais influente colunista inglês, Martin Wolf, do “Financial Times”, também não acha que ela é a melhor pessoa. Argumenta que apesar de seu bom currículo, seu forte é assuntos jurídicos e que em economia seu conhecimento é limitado, o que a fará depender mais dos seus assessores. Portanto, se ela assumir será fundamental saber quem vai substituir o vice-diretor-gerente, John Lipsky.
Mas ela será a nova diretora-gerente porque como ela mesma disse: manda quem paga. O Fundo é uma soma de contribuição dos seus sócios, vota mais quem depositou mais. A Europa tem 32% dos votos. Tem uma representação acima do seu tamanho no PIB mundial, que está caindo de 25% em 2000 para 18% em 2015; os Estados Unidos têm 16,7% dos votos. Juntos, eles têm quase metade dos votos. Para os Estados Unidos é conveniente o acordo feito com a Europa em que é seu o controle do Banco Mundial. Então fica tudo como dantes apesar das profundas alterações na distribuição do poder global. Segundo Wolf, é compreensível que para a Europa seja tão vital controlar o FMI neste momento: 79,5% dos créditos do Fundo foram concedidos para países europeus.
Para a “Economist”, é exatamente essa concentração de recursos para a Europa que deveria impedir que o FMI continuasse sendo controlado pela região. A revista compara: seria como entregar para a Argentina o controle do Fundo nos anos 1980, ou para a Tailândia, em 1997.
Argumentos bons, mas os próprios articulistas sabem que nada disso será levado em conta. O momento poderia ser bem mais interessante se houvesse um candidato só dos países emergentes, mas os nomes que surgem são mais lembranças dos analistas do que candidaturas do grupo. Cartens, do México, foi lançado por seu governo. Os outros citados pela “Economist” aparecem pelas qualidades que têm, como Tharman Shanmugaratnam, de Cingapura, ministro das Finanças e chefe do conselho do Fundo; Mark Carney, presidente do Banco do Canadá; e Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central brasileiro e que integrou o grupo de reforma do FMI.
A Europa não está toda mal. Pelo contrário, os países fortes estão se recuperando. O problema é a exposição do Banco Central Europeu às dívidas dos países mais encrencados da região. Foi por isso que ontem a Alemanha decidiu abandonar as exigências que fazia para dar novo empréstimo à Grécia.

Austríaco Banido do Tênis por Racismo

As polêmicas de Daniel Koellerer no mundo do tênis parecem ter chegado ao fim. Aos 27 anos, o atual número 385 do ranking foi considerado culpado em três acusações, incluindo “fraude ou tentativa de fraude sobre o resultado de um evento”. O austríaco, que também foi condenado a pagar uma multa de 100 mil dólares, ainda pode recorrer da decisão.- O afastamento vitalício deve ser imediatamente aplicado, o que significa que o senhor Koellerer não está habilitado a participar de nenhum torneio ou competição organizada ou sancionada pelos organizadores do tênis profissional – diz a sentença. Em junho de 2010, foi acusado de racismo pelos brasileiros Ricardo Hocevar e Júlio Silva. No Challenger de Reggio Emilia, na Itália, o rival disse a Silva: "Volta para a floresta, macaco!". Sem que a arbitragem tivesse tomado providências, o paulista se dirigiu diretamente á polícia local ao término do confronto para prestar queixa.





quinta-feira, 26 de maio de 2011

Direitos Humanos

São normas, princípios e valores referentes ao respeito à vida e à dignidade. A sua maior referência é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, pois dela derivam Declarações, Pactos, Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos que delineiam e materializam mecanismos formais de proteção.
Em âmbito nacional, a Constituição Federal de 1998, no artigo 1.º, compromete-se com a prevalência dos Direitos Humanos nas relações internacionais e, no artigo 5.º, estão definidos os direitos e as garantias fundamentais.
Atualmente, após cinco décadas de dedicação quase exclusiva aos direitos humanos civis e políticos, inicia-se necessariamente, um processo de priorização dos direitos humanos nas suas dimensões econômica, social e cultural, contudo, reconhecendo a primazia dos aspectos de indivisibilidade, interdependência, inter-relação, internacionalidade e universalidade dos direitos humanos.
O fortalecimento de cada um dos direitos consolida os demais. Assim, temos os direitos humanos como o conjunto dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais.

*Direitos Econômicos:: Constituem-se o direito a um padrão de vida mínimo, o direito ao trabalho e aos direitos trabalhistas, o direito á alimentação, os direitos do consumidor e o direito ao meio ambiente saudável.
*Direitos Sociais: São os direitos á educação, ao lazer, ao transporte, á habitação, á seguridade social, à saúde física e mental e à segurança.
*Direitos Culturais: São os direitos das minorias étnicas e raciais, de gênero, de orientação sexual, etc. e o direito de beneficiar-se do progresso científico da humanidade.
*Direitos Civis: Compreende o direito á vida, o direito de ir e vir, o direito á livre associação e reunião, o direito à propriedade, à inviolabilidade da vida privada, à liberdade de opinião, pensamento e religião, à igualdade perante a lei.
*Direitos Políticos: Dizem respeito à participação dos cidadãos no governo da sociedade, enfim, à participação no poder. Neles, estão inscritos o direito à organização de partidos, de votar e ser votado, de fazer manifestações políticas.

AMAZÔNIA SACRIFICA MAIS UM MÁRTIR

Mais uma vez a floresta amazônica é manchada com sangue de seus defensores. Agora foi a vez de José Cláudio Ribeiro da Silva, conhecido como Zé Castanha, e sua esposa, Maria do Espírito Santo. Foram covardemente assassinados na terça-feira, 24/05 no assentamento Praia Alta da Piranheira. O casal que vivia da extração de castanhas ficou conhecido pelas denúncias contra madeireiras e carvoarias que depredavam o ecossistema da região.
Foi mais um crime da morte anunciada, pois, em recente evento gravado em vídeo, Zé Castanha fez um último alerta sobre as ameaças que vinha recebendo. Lembrou os destinos de Chico Mendes, Padre Josimo e Irmã Dorothy, entre tantos outros mártires, prevendo que sua estória poderia ser a mesma.
Que o extermínio de defensores da floresta tornou-se comum no Brasil, não há dúvida, porém, o que mais nos assusta foi a atitude da bancada ruralista na Câmara dos Deputados que lá estava para a votação do novo Código Florestal. Ao ouvir a notícia do crime pelo Deputado Sarney Filho, ruralistas nas galerias e deputados do agro-negócio no plenário, emitiram uma estrondosa vaia ao casal recém morto.
Fico estarrecido e indignado com a atitude desses parlamentares que são pagos com dinheiro público para defender a sociedade. A execução brutal foi planejada nos mínimos detalhes: os assassinos danificaram uma ponte onde o casal teria que passar e armaram a emboscada. Zé Cláudio desceu para verificar os estragos e ali mesmo foi fuzilado. Sua mulher foi executada dentro do carro, os dois não tiveram a mínima chance de se defenderem. Uma das orelhas de Zé Cláudio foi arrancada e levada como prova de que o “trabalho” havia sido executado. O bandeirante Domingos Jorge Velho cortou e salgou 13 mil pares de orelhas como prova da destruição do Quilombo dos Palmares. Parece que a prática ainda vigente nas regiões onde o Brasil ainda vive no sistema feudal,como é o caso da floresta amazônica.
Os dois viviam em Nova Ipixuna há 24 anos, em um terreno de 20 hectares no Projeto de Assentamento Agroextrativista (Paex) Praialta- Piranheira, às margens do lago de Tucuruí. Extraíam óleo de andiroba e castanha. Em palestra em novembro, no evento TEDx Amazônia, Zé Claudio denunciava o desmate. "É um desastre para quem vive do extrativismo como eu, que sou castanheiro desde os 7 anos da idade, vivo da floresta e protejo ela de todo jeito. Por isso, vivo com a bala na cabeça, a qualquer hora". Gilberto Carvalho, Secretário-Geral da Presidência relatou o ocorrido à presidente Dilma Rousseff e ela determinou ao ministro da Justiça José Eduardo Cardozo que a Polícia Federal apure o assassinato dos sindicalistas.
O Evangelho de Lucas 19,40 diz: "não podemos nos calar diante desta barbárie, pois se nos calarmos, as florestas falarão".

Pimenta Neves Prova que para os Ricos o Crime Compensa

Sandra Gomide foi assassinada friamente pelas costas por seu ex-amante, o jornalista Pimenta Neves em 20 de agosto de 2000. O crime ocorreu na cidade de Ibiúna, a 64 quilômetros de São Paulo. Inconformado com o fim da relação que já durava 4 anos, Pimenta Neves deu dois tiros nas costas da vítima e um na cabeça, este com a jovem já caída ao solo. Réu confesso do crime ficou preso de setembro de 2000 a março de 2001, quando o STF concedeu-lhe um habeas corpus para responder pelo crime em liberdade. Em maio de 2006, o Tribunal do Júri de Ibiúna condenou Pimenta Neves a 19 anos e dois meses de prisão.
Iniciou-se aí uma verdadeira maratona de recursos e protelamentos, onde a defesa recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo, que reduziu a pena para 18 anos. O tribunal paulista também deu ao réu um habeas corpus para ele recorrer em liberdade. Em 2008 o STJ reduziu a pena a 15 anos de prisão, após mais um recurso. A defesa de Pimenta Neves recorreu mais de 20 vezes ao STJ e ao STF. Em março, o ministro Celso de Mello, relator do recurso no STF, considerou que o jornalista perdeu o direito de recorrer, porque os argumentos apresentados já tinham sido analisados pelo Tribunal de Justiça paulista e pelo STJ. Na terça-feira, 24/05, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o último recurso que tentava anular a condenação de 15 anos de prisão pelo crime. O jornalista foi preso na casa dele, na Zona Sul de São Paulo, ainda na noite de terça-feira. Pimenta Neves também foi condenado a pagar R$ 166 mil de indenização por danos morais aos pais de Sandra, que teriam ficado doentes após a morte da filha. O jornalista já está cumprindo pena no presídio de Tremembé, aonde chegou no dia 25/05 às 15:30h. Também cumprem pena em Tremembé condenados por crimes que tiveram repercussão nacional como Alexandre Nardoni, acusado pela morte da filha Isabela Nardoni, e os irmãos Christian e Daniel Cravinhos, que junto com Suzane Richthofen mataram os pais dela. Parece que o jornalista assassino estará em ótima companhia.
Como a justiça no Brasil privilegia os mais abonados, o promotor de Justiça Carlos Horta Filho disse que o jornalista Antonio Pimenta Neves poderá ficar preso em regime fechado, por pouco tempo. Depois de cumprir 1/6 da pena - 30 meses - em regime fechado, Pimenta Neves poderá pedir na Justiça a progressão para o regime semi-aberto, se tiver bom comportamento. Como ele já ficou preso 7 meses, na prática, significa que restam apenas um ano e 11 meses para que ele fique em regime fechado. No regime semi-aberto, o preso pode sair durante o dia, mas dorme na prisão. Nesse regime, o detento tem direito também a sete saídas temporárias por ano, em feriados como Dia das Mães e Páscoa.
Pimenta Neves tem 74 anos e os advogados de defesa afirmam que ele está doente, com diabetes e hipertensão. Com isso, abre-se a possibilidade de que a defesa entre na Justiça com pedido de prisão domiciliar.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

FORÇAS ESPECIAIS DOS EUA MATAM BIN LADEN

O CRIADOR MATOU A CRIATURA


O mundo recebeu atônito a informação que certamente causará grandes impactos na história contemporânea universal. Na segunda-feira, 02 de maio de 2011, o Presidente Barak Obama noticiou a execução por parte de um comando especial Seal da Marinha dos EUA, do principal líder da rede al-Qaeda, Osama Bin Laden, que em 2001 comemorou em vídeo o sucesso dos horrendos ataques do 11 de setembro, onde mais de 3.000 pessoas de diversas nacionalidades que perderam a vida em New York, Washington e Pennsylvania.
Usāmah bin Muhammad bin Lādin, também chamado de ‘O Emir’, nasceu em 10 de março de 1957. filho único de Hamida al Athas, décima esposa de Muhammed bin Laden, pobre imigrande iemenita que fez grande fortuna no ramo da construção civil erigindo um império em seu novo país. A família bin Laden é a segunda mais próspera da Arábia Saudita, abaixo apenas da casa real de Riad. Osama bin Laden graduou-se em Engenharia na Universidade Rei Abdul Aziz, na Arábia Saudita, tinha mais de 50 irmãos e 23 filhos, tendo casando-se com seis esposas. Seu patrimônio é estimado em 250 milhões de dólares investidos em mais de 60 empresas ao redor do globo.
Sua ligação com as forças de segurança dos EUA remonta desde 1979, quando aos 22 anos se tonou voluntário, com o apoio da CIA – Agência Central de Inteligência, no combate aos soviéticos que invadiram o Afeganistão. Osama nunca titubeou em dilapidar sua fortuna na ‘guerra santa’ contra o ‘exército vermelho’, financiando e organizando grupos de árabes e acampamentos de milícias armadas jihadistas no combate aos invasores soviéticos. O embaixador saudita nos EUA príncipe Bandar bin Sultan, disse ter conhecido Bin Laden nos anos 80, quando Osama agradeceu-lhe pelo apoio que os sauditas e os EUA estavam dando contra os soviéticos. A Al Qaeda, foi fundada em 1987, ainda durante a guerra de guerrilha com Moscou.
Em 1991, vivendo em sua terra natal, critica o governo saudita pela utilização do seu território por forças dos EUA, na Guerra do Golfo. Considerado ‘persona non grata’. Deixa o país e em 1994 e parte para o Sudão onde se estabelece como empresário enquanto nas sombras organiza a Al Qaeda, pensando em destronar e destruir a família real saudita. Bin Laden nunca aceitou o modo ocidental de viver do Rei Fahd e seus familiares, buscando a implantação de um ‘califado islâmico’.
No Sudão alia-se com grupos islâmicos egípcios, que o influenciaram a combater de forma xenofóbica judeus e estrangeiros ocidentais. Nesse meio tempo assumiu o terrorismo como modo de ação, executando pequenos ataques no Egito e Argélia. Em meados dos anos 90 fracassa em um atentado contra a vida do presidente do Egito, Hosni Mubarak. Por esse motivo foi expulso do Sudão a pedido dos países árabes. Perdeu todos os seus bens, partindo falido para o Afeganistão, com um pequeno grupo de seguidores. Nesse interim a família o renega e ele perde a nacionalidade saudita.
No Afeganistão, investe todas as suas forças na causa islâmica, reconstruindo gradualmente a organização terorista, aliando-se a outros grupos islâmicos abrigados no país. Dentre todos tinha como principal parceiro a poderosa "Al Jihad" egípcia e o lado mais radical da Irmandade Muçulmana. Define então os EUA como o grande adversário, o grande ‘satã’ a ser combatido. Fortalece-se mais ainda ao juntar-se ao Talibã, grupo financiado pelos EUA e Arábia Saudita e comandado pelo novo companheiro o Mulá Omar. Juntos organizam campos de treinamento de guerrilheiros e passam a ameaçar os Estados Unidos. Inicia-se o período das grandes ações com o ataque das embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia em 1998, que resultou na morte de quase 300 pessoas e milhares de feridos. Em 2000 atacam o navio de guerra dos EUA, USS Cole, no porto do Iêmen, matando 17 marinheiros estadunidenses.
O ‘apocalipse’ se deu no 11 de setembro de 2001, com dois aviões atirados contra as torres gêmeas do World Trade Center e um no Pentágono, coração das forças armadas dos EUA. A partir de então, com o início da Guerra ao Terror, as forças de segurança dos Estados Unidos, em especial as agências de informações oficiais (CIA, USSOCOM e JSOC) e não-oficiais, a elite dos comandos especiais Seal e Delta, o Mossad israelense e os serviços secretos europeus e árabes, empreenderiam uma caçada sem tréguas ao líder terrorista.
Das cavernas de Tora Bora às tribos nômades do Paquistão, desertos, montanhas, cidades, céus e mares. tudo era vasculhado com a violência de um tornado, pelas operações militares e com a paciência de um enxadrista, pelos setores de inteligência. A captura era questão de tempo, mesmo que levasse uma década. Em 1 de maio de 2011 o presidente dos EUA, Barak Obama anunciou que Osama bin Laden havia sido morto. A operação hiper-sigilosa foi filmada e acompanhada pela casa Branca em tempo real. Ao final a mensagem em linguagem das forças especiais: “Geronimo/ EKIA” (Gerônimo – codinome para Bin Laden e Enemy Killed in Action, traduz-se:  Inimigo Morto em Ação”. Nada de cavernas nem desertos, Bin Laden foi fuzilado pelas forças especiais dos EUA em uma mansão de um milhão de dólares no subúrbio de Abbottabad, há menos de um quilômetro de distância de uma academia militar. A cidade dista cerca de 50 quilômetros da capital paquistanesa de Islamabad.
Algumas reflexões martelam a mente de especialistas em geopolítica: será mera coincidência a morte de Osama acontecer simultaneamente aos levantes populares do Norte da África? Estará a Al Qaeda por trás da insurgência popular, como enfatizam Ali Abdullah Saleh, Kadafhi e Bashar Assad, presidentes do Iêmen, Líbia e Síria e Hosni Mubarak, presidente deposto do Egito, países diretamente atingidos pelos levantes? Será que as forças internacionais (política e negócios) temem a instalação de um califado islâmico na região, sonho acalentado por Bin Laden?
Em seu documentário, Fahrenheit 9/11, o cineasta Michael Moore detalha a cumplicidade entre a família Bush e amigos com a família Bin Laden. Moore mostra uma relação de trinta anos, e nos leva a crer que guerras como Iraque e Afeganistão são meros artifícios utilizados para os grandes grupos econômicos defenderem os interesses americanos e sauditas na região. O que sabemos verdadeiramente é que durante o caos do 11 de setembro, nos EUA, o único avião civil autorizado a decolar e cruzar o espaço aéreo do país foi o jato da família Bin Laden, autorizado diretamente pelo presidente dos EUA à época, George Bush. Já na era Obama, para a conjuntura política dos democratas, nada seria mais circunstancial que a captura e morte do inimigo nº 1 dos EUA. Pois, como é de praxe, todos os mandatários estadunidenses costumam gerar fatos espetaculares antes das eleições presidencias. O Oriente Médio continua sendo um prato cheio para essas operações.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Miríam Leitão Homenageia Abdias Nascimento

Uma vez, numa entrevista que me concedeu, Abdias Nascimento disse que ele foi preso, enquadrado na Lei de Segurança Nacional, viveu no exílio por 10 anos, sem ter nunca integrado qualquer partido clandestino de combate à ditadura.
- Tudo o que eu fiz foi combater o racismo.
Era uma forma de mostrar que esse tema sempre foi tratado como inconveniente. Na ditadura, era proibido. Isso era subversivo o suficiente para os ditadores da época. Hoje ainda é delicado e difícil. Sua vida foi dedicada a tratar desse assunto intratável.
Como jornalista, teatrólogo, escritor, cineasta, artista plástico, senador, militou na mesma causa: construir um país realmente multiracial com a derrubada, de fato, de todas as barreiras que impedem a ascensão dos negros no Brasil.
Não um país que finge não ver as diferenças para proclamar a igualdade, mas o que constrói as pontes fortalecendo a autoestima dos pretos e pardos brasileiros e abrindo oportunidades. Foi por esse Brasil que Abdias lutou.
Abdias abriu espaços notáveis na cultura brasileira para essa sociedade com a qual sonhou por tanto tempo. Quilombo era um jornal dos anos 1950 que abriu a discussão do combate ao racismo. O Teatro do Negro foi outra iniciativa pioneira que revelou inúmeros talentos para a dramaturgia brasileira, numa época em que atores brancos pintavam o rosto de preto para fazer os papéis de negros. Na militância foi um dos fundadores do Movimento Negro Unificado.
As conversas com ele e sua mulher Elisa Larkin, americana de nascimento, eram sempre ricas de reflexões sobre velhos vícios do Brasil, como o de negar o problema.
Nos últimos anos ele viu duas notícias. A boa é que é visível a formação da classe média negra e do aumento do poder de pretos e pardos no Brasil. A ruim é que as distâncias permanecem enormes e uma parte do país prefere não discutir o tema, insiste em ficar em atalhos que fogem da questão central. A desigualdade racial ainda é enorme no Brasil.
Outro dia fui ao Sindicato dos Jornalistas do Rio no lançamento do Prêmio Abdias Nascimento. Sindicato ao qual ele se filiou em 1947.
Ele já estava doente, mas a cerimônia aconteceu ainda assim. Lá eu disse que Abdias, que tinha 97 anos, foi precursor e persistente no mesmo sonho ao longo da vida inteira: a de combater o racismo em todas as suas formas.
Fará falta Abdias, mas quem sonha com um Brasil de menos desigualdades, sabe que ele combateu o bom combate.

Morre Abdias Nascimento

É com pesar que recebo a notícia do falecimento de Abdias do Nascimento um de meus mestres em terras brasileiras. Um homem que aos quase cem anos, nunca arrefeceu da luta contra a discriminação racial e o preconceito. Por muitas vezes tive o privilégio de frequentar sua residência no bairro da Glória, no Rio de Janeiro. Ficava ali bem quietinho, ouvindo deslumbrado as narrativas de suas andanças e embates políticos pelo mundo. Enquanto sua companheira Elisa Larkin nos mostrava com provas cabais que os africanos estiveram nas Américas antes de Colombo, Américo Vespúcio e Cabral. Abdias nasceu em Franca em 14 de março de 1914, para se consagrar como um dos maiores expoentes da cultura negra das Américas. Professor Benemérito da Universidade do Estado de Nova York e doutor "Honoris Causa" pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, ator, escritor, artista plástico. Trabalhou incansavelmente pela igualdade racial e pelo Pan Africanismo. Foi fundador da Frente Negra Brasileira em 1931 que chegou a ter em seus quadros mais de 100 mil associados. Organizou o I Congresso Afro-Campineiro e o I Congresso do Negro Brasileiro, no Rio de Janeiro. É autor de vários livros: "Sortilégio", "Dramas Para Negros e Prólogo Para Brancos", "O Negro Revoltado", entre outros.
Criou o Teatro Experimental do Negro-TEN em 1944 que tinha como objetivo a valorização do negro no teatro e a criação de uma nova dramaturgia. O Teatro Experimental do Negro atuava por meio da conscientização e também da alfabetização do elenco, recrutado entre operários, empregadas domésticas, favelados sem profissão definida e modestos funcionários públicos. O espetáculo Imperador Jones, dirigido por Abdias do Nascimento, estréia em maio de 1945 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e obtém grande receptividade.
Após o golpe militar de 64 exilou-se nos Estados Unidos, onde trabalhou como professor universitário. Co-fundador do Movimento Negro Unificado em 1978, em maio de 1980, foi juntamente com Leonel Brizola – de quem se tornara amigo no exílio – um dos fundadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Escolhido vice-presidente do partido em 1981, nesse mesmo ano fundou o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em 1982, retornou definitivamente ao Brasil. Em novembro de 1982 concorreu à Câmara dos Deputados pelo Rio de Janeiro, obtendo a terceira suplência da legenda. Com a eleição de Brizola para o governo do Rio naquele mesmo pleito e a nomeação do deputado José Maurício para a Secretaria de Minas e Energia, Abdias assumiu em março de 1983 uma cadeira na Câmara. Em 25 de abril de 1984, votou favoravelmente à emenda Dante de Oliveira, que previa o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro seguinte. Abdias retornou à Câmara no dia 16 de janeiro, logo após a realização do Colégio Eleitoral. No ano seguinte, voltou à suplência. Sua atuação como deputado foi centrada na defesa dos direitos humanos e civis dos negros no Brasil. Enfocando o racismo e a discriminação racial como questões nacionais, propôs o estabelecimento de feriado nacional no dia 20 de novembro, aniversário da morte de Zumbi dos Palmares, apresentou projeto de lei que previa a criação de uma cota de 20% de vagas para mulheres negras e de 20% para homens negros na seleção de candidatos ao serviço público.
As iniciativas de Abdias tiveram desdobramento durante as discussões da Assembléia Nacional Constituinte. Com a nova Carta, promulgada em outubro de 1988, o direito brasileiro passou a contemplar a natureza pluricultural e multiétnica do país, a prática de racismo tornou-se um crime inafiançável e determinou-se pela primeira vez a demarcação das terras dos remanescentes de quilombos, antigas comunidades de escravos. Abdias foi um dos responsáveis pela instituição da Comissão do Centenário da Abolição em 1988 e por seu desdobramento na Fundação Cultural Palmares.
Em outubro de 1990 compôs como suplente de Darci Ribeiro a chapa lançada pelo PDT ao Senado. Em abril de 1991, foi escolhido por Leonel Brizola, que se reelegera governador do Rio de Janeiro em 1990, para ocupar a Secretaria Extraordinária para Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras. Em final de agosto, Abdias substituiu Darci Ribeiro que se tornara secretário de Projetos Especiais do governo fluminense no Senado. Após a morte de Darci em fevereiro de 1997, voltou ao Senado em caráter definitivo, exercendo o mandato até janeiro de 1999, ao final da legislatura 1995-1999. Participou do governo de Anthony Garotinho (1999-2002) como secretário de Direitos Humanos e da Cidadania.
Foi casado com Maria de Lurdes Vale Nascimento. Casou-se pela segunda vez com a atriz Léa Garcia, com quem teve dois filhos, e pela terceira vez com a antropóloga norte-americana Elizabeth Larkin Nascimento, com quem teve um filho.
Abdias Nascimento nos deixa um verdadeiro legado de honradez e combatividade em prol dos Direitos Humanos e cidadania. Abdias Nascimento e o geógrafo Milton Santos, certamente foram duas grandes injustiças que a Academia Brasileira de Letras perpetrou no Brasil. Não consigo entender o motivo de nunca tenham sido convidados a envergar aquele simbólico fardão, que significa erudição e serviços prestados ao país nos campos da literatura, humandades, arte e cultura. É sempre bom recordar que aquela casa foi fundada por um negro chamado Machado de Assis.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sandra Werneck - Cinema nas Entranhas


Domingo de outono, fim de noite, assisto entediado a programação da TV aberta. Faustão berrando de um lado, Gugu e Rodrigo Faro do outro, Silvio Santos atirando aviõenzinhos de dinheiro na platéia, Paulo Henrique Amorim gritando que em poucos minutos iniciaria um outro programa de variedades e o jurássico fantástico se anunciando como grande atração a atuação de um mediador de Direito do Consumidor e a visita ao quarto do motel onde um empresário foi assassinado por sua ninfeta fatal ...ninguém merece.
Deprimido e arrependido por ainda não ter contratado uma empresa de TV por assinatura, resigno à mixórdia da programação dominical.
Que bela surpresa tive então!!!! Passo pelo canal Brasil que apesar do título convidativo costuma, em detrimento ao cinema nacional, passar uns filmes latino-americanos sem pé nem cabeça, neste horário de domingo à noite e assisto Conexão Roberto D’Ávila, que entrevista a cineasta Sandra Werneck.
Confesso que sinto uma pontinha de inveja dos cineastas e diretores de teatro. Imagine, trabalham com pessoas sensíveis e maravilhosas, como as Fernandona e Fernandinha, Renata Sorrah, Tarcísio Meira, Selton Melo e Paulo Betti, entre outros. Não quero nem pensar na alegria que deve ser dirigir Marieta Severo, Evandro Mesquita, Pedro Cardoso e Tonico Pereira em a Grande Família.
Passo pela TV Brasil e vejo uma mulher lindíssima na tela, parecendo até aquelas modelos balzaquianas das propagandas da Natura. Mas tinha ali uma atração que me prendeu de vez ao programa: a maneira de falar, a gestualidade, a leveza, a firmeza, a certeza, enfim, a mais completa noção de estar aqui no mundo e ter estórias para contar.
Não conhecia o pensamento nem a carreira de Sandra Werneck. É originalmente de classe média alta (para produzir seu primeiro filme vendeu duas vacas que o avô lhe presenteara) e mesmo assim trabalhou de garçonete em Amsterdã para realizar seu sonho de fazer cinema. Conseguiu, tem em seu currículo filmes como Cazuza – O tempo não para; Pequeno Dicionário Amoroso (baseado no fim de seu segundo casamento); Amores Possíveis; Sonhos Roubados; Meninas; Guerra dos Meninos; Damas da Noite entre outras obras profundamente marcadas pela temática social. Seu mais recente projeto é Marina e o Tempo, onde diz ter sido privilegiada por filmar a vida da ambientalista e política Marina da Silva.
Sandra Werneck merece todos os aplausos possíveis. É uma brasileira que antenada com nosso tempo e não se deslumbrou com a fama. Conhece as favelas do Rio, onde sempre filmou, lança novos talentos e corre em suas veias aquelas soluções reveladoras de laboratório. Tanto que sua única filha faz cinema na Europa. Sandra deu um autêntico baile na programação fajuta do domingo televisivo brasileiro. Obrigado Roberto, por tão belo presente.

Arnaldo Jabor: Como Viver Sozinhos na Multidão

Sem trocadilho, não morro de amores pelo Jabor. Mas recebi o artigo por e-mail de uma amiga de Sapiranga, Rio Grande do Sul. Gostei e resolvi publicá-lo aqui no blog, espero que gostem.  

Estamos com fome de amor...

O que temos visto por ai ???
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes. Com suas danças e poses em closes ginecológicos, cada vez mais siliconadas, corpos esculpidos por cirurgias plasticas, como se fossem ao supermercado e pedissem o corte como se quer... mas???
Chegam sozinhas e saem sozinhas...
Empresários, advogados, engenheiros, analistas, e outros mais que estudaram, estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos...
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dancer", incrível. E não é só sexo não! Se fosse, era resolvido fácil, alguém dúvida? Sexo se encontra nos classificados, nas esquinas, em qualquer lugar, mas apenas sexo! Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, sem necessariamente, ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico na cama .... sexo de academia .. . .
Fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçadinhos, sem se preocuparem com as posições cabalisticas...Sabe essas coisas simples, que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção... Tornamo-nos máquinas, e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós...
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada nos sites de relacionamentos "ORKUT", "PAR-PERFEITO" e tantos outros, veja o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra viver sozinho!"
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários, em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis, se olharmos as fotos de antigamente, pode ter certeza de que não são as mesmas pessoas, mulheres lindas se plastificando, se mutilando em nome da tal "beleza"...
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento, e percebemos a cada dia mulheres e homens com cara de bonecas, sem rugas, sorriso preso e cada vez mais sozinhos...
Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário...
Pra chegar a escrever essas bobagens?? (mais que verdadeiras) é preciso ter a coragem de encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa...
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia isso é julgado como feio, démodê, brega, familias preconceituosas...
Alô gente!!! Felicidade, amor, todas essas emoções fazem-nos parecer ridículos, abobalhados...
Mas e daí? Seja ridículo, mas seja feliz e não seja frustrado...
"Pague mico", saia gritando e falando o que sente, demonstre amor...
Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais...Perceba aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, ou talvez a pessoa que nada tem haver com o que imaginou mas que pode ser a mulher da sua vida...
E, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois...Quem disse que ser adulto é ser ranzinza ?
Um ditado tibetano diz: "Se um problema é grande demais, não pense nele... E, se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele?"
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo, assistir desenho animado, rir de bobagens e ou ser um profissional de sucesso, que adora rir de si mesmo por ser estabanado...
O que realmente, não dá é para continuarmos achando que viver é out... ou in...
Que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo, que temos que querer a nossa mulher 24 horas, maquiada, e que ela tenha que ter o corpo das frutas tão em moda, na TV, e também na playboy e nos banheiros, eu duvido que nós homens queiramos uma mulher assim para viver ao nosso lado, para ser a mãe dos nossos filhos, gostamos sim de olhar, e imaginar a gostosa, mas é só isso, as mulheres inteligentes entendem e compreendem isso. Queira do seu lado a mulher inteligente: "Vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois, ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida"...
Porque ter medo de dizer isso, porque ter medo de dizer: "amo você", "fica comigo", então não se importe com a opinião dos outros, seja feliz!

Antes ser idiota para as pessoas que infeliz para si mesmo! Para ler, divulgar e . . . praticar !

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O Rei e a Camareira








Rosa Parks (foto acima com Martin Luther King), símbolo pela luta dos direitos civis nos EUA que teve início em 1955, de seu túmulo certamente influenciou a decisão da camareira africana em ter denunciado o todo poderoso presidente do FMI, Domenique Gaston Andre Staruss-Kahn à polícia Novaioquina. DSK como é chamado, foi indiciado criminalmente pela justiça dos EUA e pode ter que cumprir uma pena de 20 anos de reclusão. Para responder pelo crime em liberdade, na cidade de Nova York, pagou fiança de ummilhão de dólares e mais cinco milhoes de dólares como caução preventiva contra uma possível fuga. Dominique Gaston André Strauss-Kahn é Advogado, Cientista Político, Administrador de Empresas, Economista e ex-presidente do Fundo Monetário Internacional - FMI (renunciou após ser preso), além de proeminente membro do Partido Socialista Francês. DSK, como é chamado, liderava com folga a corrida para a presidência da França, ameaçando a reeleição de Nicolas Sarkozy. Strauss-Kahn viu seu mundo ruir ao ser preso por abuso sexual contra uma camareira no Hotel Sofitel de Nova York no dia 14 de maio. DSK Foi retirado pela polícia da primeira clase de um avião que estava partindo para Paris e levado para a prisão de Rikers Island, onde cumprem pena 14.000 presidiários, uma das mais perigosas dos EUA. Strauss-Kahn será defendido pelo mesmoadvogado que defendeu Michael Jackson dos mesmos crimes, só que com crianças. Para sair do presídio e permanecer em prisão domiciliar em Nova York, monitorado por uma tornozeleira eletrônica, o francês desembolsou cinco milhões de dólares - um como fiança e cinco como caução preventiva de fuga. Além de ter entregue seu passaporte francês e o das Nações Unidas ao qual tem direito. Sua vítima, uma imigrante africana da República da Guiné, tem 32 anos e uma filha de 15. Segundo a direção do hotel, a camareira não sabia quem era Staruss-Kahn, nem a isstituição que ele presidia, o FMI. Ele é um europeu branco, bem nascido, formado pela Sorbonne e frequenta os melhores salões e palácios do mundo. Seu salário era de meio milhão de dólares por ano. Ela, imigrante fugida da fome. Com o parco rendimento que recebe mal consegue manter a si e à filha de 15 anos. Trabalha dignamente, lavando as privadas e esfregando o chão dos quartos de gente rica, onde certamente, nunca poderá se hospedar. A única explicação possível para a atitude criminosa de DSK talvez devesse ser uma recaída atávica, dos tempos do colonialismo francês em África. Naqueles pérfidos tempos, o senhor branco e francês podia dispor de qualquer mulher negra para seu deleite, sem que isso se enquadrasse em crime ou qualquer tipo de ilícito penal. Inclisive na Guiné, uma de suas colônias no continente africano e terra natal da camareira. DSK jamais imaginaria que aquela humilde camareira tivesse coragem de enfrentá-lo numa luta de Davi contra Golias. Achou que saciaria seu instinto animal e voaria para a França onde era respeitado como um rei.Sua reputação confirma que é um maníaco sexual. No aeroporto, antes de ser preso, falou para a aeromoça que o atendia que ela tinha um 'belo traseiro'. Surgiu uma segunda acusação contra ele, agora em seu próprio país. Tristane Banon, filha de uma deputadado Partido Socialista, alega que foi molestada sexualmente por DSK. Para piorar sua situação, o depoimento de Kristin Davis, a 'Madame Manhattan', principal cafetina de Nova York, causará uma grande estrago em sua estratégia de defesa. Kristin disse que não protege a identidade de clientes abusadores. Contou que DSK gosta de meninas jovens e típicas do meio-oeste americano. Relatou que certa vez uma das meninas queixou-se que não queria vê-lo mais, pois ele foi muito agressivo e a forçou a fazer sexo. Disse ainda que ele costumava pagar até R$ 5.000, 00 por duas horas de prazer. A acusadora de DSK pode ser comparada à Rosa Parks, de Montgomery, no estado do Alabama, nos EUA. Vivendo sob as leis de segregação racial, cansada de uma jopranada penosa de trabalho, Rosa se recusou a ceder seu lugar em um ônibus para um homem branco, quando retronava para casa. Presa e condenada em dezembro de 1955, Rosa Parks tornou-se o símbolo da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. A resposta da população negra foi um boicote aos transportes coletivos da cidade que durou 386 dias, quase levando-o à falência. Do movimento dos direitos civis saíram, entre outros, Angela Davis, Panteras Negras, Malcolm X, Martin Luther King - Prêmio Nobel da Paz em 1964 e por extensão, Barak Obama, Presidente dos EUA e Prêmio Nobel da Paz em 2009. Rosa Parker e todos os outros, entregaram suas vidas à luta contra o apartheid nos Estados Unidos. Com a dignidade da luta e o orgulho em serem afro-americanos, garantiram seus lugares no panteão da glória mundial, assim como Nelson Mandela, Steve Biko e Oliver Tambo na África do Sul. Nos orgulhamos desses fantásticos seres humanos e repudiamos esse animal francês que passou tanto tempo entre livros e dinheiro para que nada de bom tivesse aprendido.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Impérios, Ópio e Casamentos

Assisto com perplexidade o ‘frisson’ em torno da oficialização da união estável entre um dos herdeiros da coroa inglesa e uma plebéia da classe média britânica. O evento é vendido como a realização de um conto de fadas da Casa de Windsor. Eles sabem produzir um show midiático. Morei no Reino Unido por alguns anos e posso afirmar que tudo isso que lá acontece é encarado com a maior seriedade e alegria pelos seus súditos. Estudava no Hackney College em Londres e lembro-me bem do orgulho que os ingleses sentem pelo império “onde o sol nunca se põe”. Orgulham-se do poderio bélico nuclear, da vastidão do território colonial, do futebol que ‘inventaram’, do chá das cinco, das antigas tradições, dos Beatles e Rolling Stones. A força do império britânico pode ser medida pela representatividade atual de algumas das suas principais ex-colônias: EUA, Austrália, Singapura, África do Sul, Índia, Nova Zelândia, Brunei, Hong Kong, Jamaica, Honduras, Guiana e Belize, entre outras. O Império Britânico chegou a possuir cerca de 40 milhões de quilômetros quadrados e 500 milhões de habitantes. Um dos grandes responsáveis pela expansão foi Henrique VIII, o fundador da Igreja Anglicana, da Marinha Real e que cultivava o hábito de recitar poesias, apreciar a boa música e cortar as cabeças de suas esposas, seis no total. Existiram grandes impérios como Mongol, o maior de todos em extensão, construído por Gêngis Khan na Ásia Central, no século XIII. Apesar de não ter sido o maior em extensão territorial, o Império Romano foi o mais organizado no que se refere à gestão político-administrativa, arquitetura e urbanismo e organização militar. A pompa e as demonstrações de riqueza e poder dos impérios devem muito, ou tudo, à escravidão e exploração de seres humanos, pilhagens e saques, assimilação forçada da cultura alienígena, ocupação territorial pelas armas, sevícia coletiva de mulheres e crianças, enforcamentos, crucificações e toda a forma de flagelos. O centro de toda a plataforma econômica que fortaleceu a Europa no período pré-revolução industrial deu-se através do seqüestro, tráfico transatlântico e escravização de 11 milhões de africanos e 9 milhões de indígenas no Novo Mundo, das Guerras do Ópio na Ásia e da conquista e exploração de novos territórios coloniais ao redor do globo.. A Inglaterra colaborou imensamente com a escravidão através da transformação nos estaleiros de Liverpool e Plymouth, de centenas de navios comerciais em horrendos navios negreiros – menores e mais velozes, para trazerem os africanos seqüestrados que eram capturados na África Subsaariana. A exploração de suas colônias, com o sacrifício dos povos nativos enriqueceu a Inglaterra e quase todos os países europeus. Essa era a matriz do padrão global de colonização de todos os impérios que se erigiram em nosso planeta. Os hebreus foram escravos no Egito, os mamelucos eram escravos egípcios, os mongóis escravizaram os chineses, os povos eslavos dos Bálcãs foram escravos de diversos impérios (talvez de eslavo venha a palavra escravo, de ‘slave’ em inglês ou ‘sklave’ em alemão). Os heliotes eram escravos em Esparta. Enfim, onde há ou houve grande prosperidade, a escravidão e a exploração de outros povos sempre foram seus pilares. O tamanho do custo civilizatório e da riqueza do Reino Unido foi absurdamente alto para países como Índia e China. Os ingleses perpetraram um dos maiores crimes da humanidade que foi o tráfico de ópio para a China. A Inglaterra era a maior traficante de drogas daquele tempo. Eles levavam tão a sério a comercialização da droga na Ásia que produziram as famosas ‘Guerras do Ópio’, a primeira em 1839 e a segunda em 1856. Em 1840 a China importava anualmente do reino Unido cerca de 450 toneladas de ópio, ou seja, um grama para cada um dos 450 milhões de habitantes da China na época. A droga representava a metade da balança comercial sino-britânica. Nesse período a droga ameaçava diretamente a economia do país, assim como a segurança interna, através da deterioração da saúde dos soldados. Assistindo a derrocada do país um ministro chamou a atenção do imperador, com um aterrorizador comunicado: Majestade, o preço da prata está caindo por causa do pagamento da droga. Em breve, vosso império estará falido. Quanto tempo ainda vamos permitir este jogo com o diabo? Logo não teremos mais moeda para pagar armas e munição. Pior ainda, não haverá soldados capazes de manejar uma arma porque estarão todos viciados”. Em seu livro “Mar de Papoulas” o escritor indiano Amitav Ghosh narra a incrível saga do navio inglês Ibis, que traficava ópio para a China. O livro imperdível traça um panorama de realidade que conjuga a ação e aventura contida em Dumas com a profundidade de Tolstoi e as emoções de Charles Dickens. Ghosh construiu uma grande obra, que certamente já conquistou seu lugar na galeria dos grandes clássicos.Em relação ao enlace, não me agrada de jeito nenhum essa arcaica demonstração imperial, em tempos tão modernos, com tanta miséria e exclusão social em todos os recantos do planeta. Não entendi como o mundo inteiro pode parar para assistir um casamento de duas pessoas que já vivem juntas há 8 anos e com aquela carruagens emplumadas e personagens que parecem fantasiados de 'generais de opereta', como bem disse o bom Veríssimo. Não vamos nem considerar a piada do Monty Python que disse estar o Príncipe Philippe meio ‘apagadão’ e ao acordar teria perguntado quem era o louco que estava se casando.
Meu apanágio é ficar solidário com a memória daqueles que sofreram e morreram sob as piores atrocidades, para que a pompa imperial e o fausto se instalassem. Solidarizo-me com as famílias que perderam seus entes queridos no tráfico negreiro, na dormência do ópio ou no genocídio dos povos indígenas. As imagens enaltecidas e replicadas do evento foram distribuídas para todo o mundo como exemplo de organização, riqueza e poder. Foi uma clara demonstração eurocêntrica que o projeto de globalização e expansão capitalista necessita sobreviver. Mesmo que para isso se trabalhe o inconsciente coletivo de nossa ansiosa aldeia global.

Churrascão da Gente Diferenciada

A humanidade caminha a passos largos para um marco civilizatório cada vez mais pragmático e inclusivo. Chamou atenção na Internet uma convocação para um evento denominado: “Churrascão da Gente Diferenciada”, que foi um dos tópicos mais acessados no Twitter em maio deste ano e, faltando uma semana para sua realização já haviam sido listadas cerca de 14.000 confirmações. A página do ‘churrascão’ no Facebook é um sucesso e marca definitivamente no Brasil o início da militância desorganizada, porém antenada e engajada. Que motivo levaria seis dezenas de milhares de pessoas que nunca se vira, reunirem em pleno sábado em torno de um churrasco no meio da rua em um lugar tão aristocrático como Higienópolis? Por que o nome ‘Churrascão da Gente Diferenciada’? Tudo começou com um manifesto com 3.500 assinaturas de uma associação denominada ‘Defenda Higienópolis’, que se opôs à construção da estação do metrô no bairro, justificando que a obra atrairia “uma gente diferenciada", justificativa imediatamente abraçada e acatada pelo PSDB. A situação não se constituiu em fato isolado, pois, esta não é a primeira vez que o governador Geraldo Alckmin atende às pressões da burguesia contra construções do metrô. A Linha Amarela teve a construção de uma estação na Zona Sul cancelada pelo mesmo motivo, a freqüência de gente diferenciada.Vale ressaltar que Higienópolis é como Paris seria sem o Rio Sena: muito dinheiro e pouco charme. É um enclave burguês na paulicéia desvairada, onde tudo acontece sempre em alta velocidade e com muita diversidade. A ‘sampa’ que amamos é a de Florestan Fernandes, Mário de Andrade, Zé do Caixão e Tom Zé. A ‘sampa’ que cultuamos pariu o anarco-sindicalismo, a Semana de 22 e o ABC de Lula. Essa urbe multicultural e pluriétnica onde Rita Lee reina ao lado de Mano Brown e Netinho, jamais irá ‘bancar’ uma proposta de segregação, que nomeia os ‘sem Mercedes’ como ‘gente diferenciada’. Pois é, ao mudar de local a construção da estação da linha 6 do metrô paulistano, atendendo à xenofobia do grão-ducado local, o PSDB paulistano também mudou de trilho e assumiu sua plumagem real. Entrou na maior ‘saia-justa’ política com a população de São Paulo, quiçá do Brasil. A legenda que trava uma luta sem quartel para se livrar da pecha de representante da aristocracia nacional, ‘espirrou o taco’, se envolvendo com o que poderá ser a maior ‘sinuca de bico’ do tucanato dos últimos tempos. Se morassem em Canaãn, à época de Jesus, os burgueses de Heliópolis avaliariam Jesus e seus seguidores com muita atenção. Certamente malvestidos e cabeludos, apóstolos e Mestre não seriam recebidos com bons olhos pelos dandis do território. Convidados para uma festa de casamento, onde o vinho terminou antes da hora, o Filho de Deus operou seu primeiro milagre, transformando água em vinho conforme narra a perícopa bíblica em João 2, 1-11. Certamente, na hipotética Canaã, a avaliação dos Heliopolitanos sobre Cristo e seus apóstolos, seria que, filho de um carpinteiro, nascido numa gruta, sem ocupação fixa e com um grupo enorme de malvestidos a segui-lo, não poderia ser coisa boa para a cidade. Não diferiria muito da avaliação diária a que são submetidos Seus filhos contemporâneos que hoje habitam as grandes metrópoles. Vagando à espera de uma transformação, de um milagre, que lhes ofereça a cidadania e a justiça social, o pão e o vinho, a paz e o lar, família e trabalho. Com certeza Jesus Cristo e seus apóstolos seriam alcunhados pelos Heliopolitanos como ‘gente diferenciada’. O ‘churrascão’ aconteceu como previsto, no sábado, 14 de maio. Na véspera do evento, 60 mil pessoas já tinham se comprometido em participar da manifestação etílico-gastronômica. Não havia ‘chefetes’ políticos, sindicatos ou parlamentares oportunistas na organização do protesto. A ‘manif regabofe’ foi realizada defronte ao Shopping Higienópolis, reduto da elite local, com muita cerveja, samba e pagode. Para alegria geral, a única pimenta utilizada não foi a do ‘spray’ da Polícia Militar e sim a boa e velha malagueta, que temperava geral os espetinhos gordurosos e felizes.




Lya LuftLya Luft Lya Luft Lya Luft Lya Luft Lya Luft Lya Luft Lya Luft Lya Luft LyaLuftLiaLuftLya


“Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo.
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.
Foi um momento inesquecível... A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.
Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?'
Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'. Estão todos em busca da reversão do tempo.
Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.
Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas, mesmo em idade avançada. A fonte da juventude chama-se ‘mudança’.
De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.
Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.
Mudança, o que vem a ser tal coisa?
Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.
Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.
Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.
Rejuvenesceu.
Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol.
Rejuvenesceu.
Toda mudança cobra um alto preço emocional.
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza.
Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.
Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.
Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.


Olhe-se no espelho...”

HOMOFOBIA? Tô Fora!!!!

Parece que o machismo no Brasil sofreu um sério revés com a decisão do STF em reconhecer a “união estável” - termo que quer dizer casamento sem dizer - entre homossexuais. O exagerado sentimento de orgulho masculino está fadado à vala comum das excentricidades jurássicas da espécie humana. O preconceito contra homossexuais contém em seu bojo o mesmo sentimento que erigiu o nazi-facismo, a Ku Klux Klan, a escravidão, a xenofobia, os genocídios, enfim, tudo o que de pior produziu a espécie humana. A simples aceitação do outro, mesmo que com outras diferenças das nossas, que para os outros também são diferenças, tornaria esse planeta mais habitável, no que toca à civilidade e às práticas do bom pensamento e das boas maneiras.

O reconhecimento pelos ministros do Supremo Tribunal Federal - STF que a relação homoafetiva é uma família, fizeram justiça aos 60 mil casais de pessoas do mesmo sexo, segundo o último censo, e baniram do Brasil definitivamente a ‘inquisição surda’ que sempre calou nossa sociedade perante as injustiças perpetradas contra aqueles que pretendem viver em paz, com suas preferências sexuais, famílias e amores ao seu bem entender. Um dos ministros enfatizou em seu voto que a união homoafetiva é uma realidade social, um dado da vida. Na prática, a decisão viabiliza para os homossexuais direitos como pensão, herança e adoção. Agora, se um clube vetar o nome de um companheiro homossexual como dependente, por exemplo, o casal pode entrar na Justiça e provavelmente ganhará a causa, pois os juízes tomarão sua decisão com base no que disse o STF sobre o assunto, reconhecendo a união estável.

O ministro Celso de Mello deu seu voto afirmando que "toda pessoa tem o direito de constituir família, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero. Não pode um Estado Democrático de Direito conviver com o estabelecimento entre pessoas e cidadãos com base em sua sexualidade. É inconstitucional excluir essas pessoas". O ministro referendou que não se pode confundir questões jurídicas com questões de caráter moral ou religioso porque Brasil é um país laico. “A República é laica e, portanto, embora respeite todas as religiões, não se pode confundir questões jurídicas com questões de caráter moral ou religioso”, disse.

Em seu voto, o Ministro Luiz Fux declarou: "Por que o homossexual não pode constituir uma família? Por força de duas questões que são abominadas pela Constituição: a intolerância e o preconceito", afirmou. "Quase a Constituição como um todo conspira para a equalização da união homoafetiva à união estável", disse.

No Congresso Nacional, uma pesquisa realizada entre 320 deputados federais mostra que 228 são a favor do reconhecimento da "união estável" entre homossexuais. Já na questão da adoção de crianças por parte de casais gays, o placar foi apertado para os que apóiam: (154 X 145), fato que atualmente é possível, sendo que a partir de agora o nome dos dois parceiros ou parceiras, poderá constar no documento.

Outro grande passo que está sendo dado no Congresso Nacional é a tipificação da homofobia como crime. Projeto já aprovado na Câmara dos Deputados que está para ser votado no Senado, aonde se aprovado, irá para a sanção presidencial. Acredito que será uma dura batalha entre grandes poderes, pois, a relação homoafetiva é condenada por quase todas as religiões. Como será a criminalizar o preconceito sem ferir e ameaçar as instituições religiosas e suas liberdades de crença e expressão?

Recuperando o velho jargão das passeatas de rua dos anos 60, a luta continua. Precisamos garantir uma sociedade mais humana para as futuras gerações. Precisamos ainda mais, prestarmos toda a nossa solidariedade às pessoas discriminadas e aviltadas pela chaga da homofobia. Das pedras que querem atirar em Sakineh Ashtiani, no Irã, às fogueiras da Inquisição da Idade Média, às clitoriplastias africanas, às extirpações de narizes praticadas pelos maridos afegãos, às execuções de travestis nas ruas do Brasil, uma coisa é certa, condenar a homofobia e o preconceito é a coisa certa a fazer.


Andrea Horta

Quando fazia teatro em São Paulo, Andréia Horta buscava um jeito de pagar as contas. Juntou os textos que estavam guardados na gaveta e, numa edição independente, lançou um livro de poesias, "Humana Flor". O tempo de dureza passou. Andréia estrelou a série "Alice", na HBO, fez parte do elenco de "A cura", na Globo, e agora brilha na novela das seis, "Cordel Encatado". Mas a poesia ficou para sempre. Andréia faz uma poesia feminina. Não por acaso seu livro tem epígrafe de Clarice Lispector e um texto dedicado a Ana Cristina Cesar. Veja aqui embaixo um exemplo. Não tem título, como todas as poesias da atriz. É apenas a número 4.

Número 4

Quando faço o prato do meu homem

Encho de recheio pra ele gostar até o fim.

Quando ele vai chegar

Coloco grampo no cabelo

Ponho fronha branca pra ele dormir em paz

Passo bem o bife e a camisa dele

Arrumo as gavetas

Faço ele gozar

Depois ele ronca bem baixinho no meu ouvido

Quando ele me toca meu rio corre

E eu sou tanto que quase desapareço

e ele é tanto que quase não existe

É um homem livre

E eu sei disso.