Ganha força no Brasil o movimento político espontâneo que denuncia a corrupção endêmica que grassa em nossa sociedade. A ignição foi em Brasília, tomando força com o caso Jaqueline Roriz e enfunando as velas no Rio de Janeiro, com as emblemáticas vassouras verdes e amarelas.
Apesar do ícone neo-janista fazer os mais antigos se arrepiarem até a medula, torna-se salutar sermos brindados pela sociedade civil se organizando em torno de tema tão caro à nossa democracia.
Alguns representantes de partidos de esquerda estão brandindo ferozmente suas adagas contra o movimento, pois, acreditam que qualquer tipo de manifestação popular só pode ser conduzido pelos partidos e entidades ligadas ao sonho do socialismo.
Os ventos contra-alísios do Saara trazem o calor das multidões árabes ávidas por democracia e ética na política. Cruzam os oceanos e nos mostram que precisamos estrar atentos às mazelas dos maus políticos e governantes autoritários. A inesquecível primavera árabe aquece nossos corações e mentes, que anseiam por um mundo mais justo e democrático.
O fator de ineditismo que se apresenta no novíssimo cenário político brasileiro é a convocação das manifestações “próéticas” – diríamos até poéticas - pelas redes sociais, que tiveram início a partir do bizarro e hilário chamamento para o “Churrascão da Gente Diferenciada” em São Paulo. O evento espontâneo criticava parte da burguesia paulistana que era contra a instalação de uma estação de metrô, alegando que a mesma atrairia uma “gente diferenciada” para o bairro burguês. Não levaram a sério e, para espanto de muitos, o ‘convescote’ reuniu cerca de 60 mil pessoas, entrando para a história do anedotário político nacional como um fenômeno popular, sem direção política e com a ausência das desgastadas e cansativas palavras de ordem.
Novos tempos se anunciam. Novos atores políticos também. A boa nova do novíssimo cenário é a bem vinda participação da classe média nas manifestações populares. Impensáveis em tempos imemoriais. As mobilizações via Facebook, Tweeter, Orkut, entre outras, servem para mostrar aos velhos caudilhos das esquerdas (e também das direitas) que o século XXI pertence a todos, e não a meia dúzia de marxistas messiânicos brandindo suas carteirinhas de agremiações gauche.
Há muito trabalho pela frente. Depois do fracasso da tentativa de ‘desrorização’ da política em Brasília. O fim do voto secreto seria por si só um passo importante para que o próximo clique não possa ser adiado.
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