Amauri Queiroz

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O Brasil e o Conselho de Segurança da ONU - Obsessão para se Sentar Entre os Poderosos

Talvez por não ser um especialista em relações internacionais, não consiga entender a fixação dos presidentes brasileiros em conseguir um assento no Conselho de segurança da ONU. Todas as vezes que um presidente brasileiro vai às reuniões das Nações unidas começa o lengalenga em torno do tal assento.
Não tenho nada contra o Brasil assentar e nem vou aqui me posicionar como um iconoclasta deletério às pretensões do orgulho tupiniquim. Porém, tenho cá alguns questionamentos: Ficar lá no meio dos grandões e ricaços pode ser um sinal de poder, porém, quando vejo os noticiários da imprensa brasileira me sinto meio constrangido e às vezes até meio perdido no meu pequeno grau de compreensão da temática geopolítica internacional.
Como pode um país em que as pessoas estão morrendo sem atendimento nos hospitais públicos, os narcotraficantes dominarem territórios nas principais capitais do país, com o trânsito matando mais de 50.000 pessoas/ano (sem contar as que morrem depois), país onde a universidade pública quase não tem negros (apesar de sua população ser 60% afrodescendente), país onde os líderes rurais são assassinados cotidianamente, país onde um professor do ensino fundamental tem o piso salarial de R$ 400,00, país onde meninas de até 11 anos se prostituem nas estradas e são até (pasmem!) levadas para o interior de presídios para se prostituiirem com os presos, país onde as grandes extensões de terra são concentrada nas mãos de poucos, país onde parlamentares são flagrados se corrompendo e mesmo assim são inocentados pelo parlamento e finalmente país, homofóbico, onde gays estão sendo espancados nas principais avenidas das cidades, sem que haja punição exemplar para os agressores, quer um assento no Conselho de Segurança da ONU.
Na minha humilde condição de beócio das pretensões brasileiras na seara internacional, sinto-me levado a pensar o quão bom seria se o Brasil resolvesse assentar e dar segurança aos Direitos Humanos, aos camponeses da reforma agrária, à educação e saúde, aos trabalhadores urbanos, aos cidadãos e cidadãs comuns que estão sendo mortos por veículos e por malfeitores. O Brasil deveria assentar primeiro o acesso universal ao saneamento básico, o combate à Dengue, o desarmamento e a Economia Solidária. Por isso, fico meio ressabiado com essa voracidade em querer se sentar entre os poderosos. Será que é para afirmar poder? A impressão que me dá é que é um gigante com pés de barro.

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