O Centro Internacional de Investigação Clínica da Universidade de Washington realizou uma importante pesquisa com as drogas antirretrovirais Viread (tenofovir) e Truvada (tenefovir com emtricitabina), que apontaram para uma redução de até 73% o risco de infecção pelo vírus HIV com a ingestão de apenas um comprimdo diariamente. O estudo envolveu cerca de 5.000 casais sorodiscordantes (quando somente um dos parceiros está infectado pelo vírus) e realizado no continente africano, especificamente em Uganda, Quênia e Botsuana. Os cônjuges não infectados pelo HIV receberam um antirretroviral ou placebo (drágea sem efeito). No grupo que tomou tenofovir ocorreram 62% menos infecções. Entre os casais que receberam Truvada este índice alcançou 73%, quando comparados ao grupo que tomou placebo.
O Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos acompanhou cerca de 1.200 pessoas em Botsuana. Eles tomaram diariamente um comprimido de Truvada ou um placebo. Entre os participantes que seguiram a recomendação, foram registrados 63% menos contágios em relação ao grupo placebo.
A luta contra o HIV prevê também estudos que impactam na prevenção da transmissão heterossexual - afirmou Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial de Saúde.
Considerada como um desafio para a humanidade, a AIDS já matou mais de 25 milhões de seres humanos em todo o mundo. Somente no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, são 600.00 mil casos notificados. Onde 65,1% são homens, sendo que nos últimos 30 anos, 230.000 brasileiros morreram em decorrência da doença.
O Programa das Nações Unidas sobre Aids/HIV e a Organização Mundial de Saúde, afirmam que o resultado dessas pesquisas terá um grande impacto na prevenção do contágio pelo HIV. Os dados apontam para a possibilidade de redução da pandemia que se intensificou nos últimos 30 anos. As drogas Viread e Truvada estão disponíveis em versões genéricas e custam menos de R$ 0,40, cada. O benefício foi tão evidente que, por questões éticas, os pesquisadores suspenderam o uso de placebo e passaram a oferecer a todos os casais participantes os comprimidos antitrretrovirais.
Os resultados das pesquisas na África somam-se à evidência crescente de que os antirretrovirais, medicamentos receitados desde meados dos anos 90 para tratar pessoas já doentes, também podem ser um ótimo recurso para reduzir ou mesmo interromper a disseminação da Aids. Até recentemente, a prevenção da infecção por HIV era focada na mudança de comportamento, no incentivo ao uso de preservativos, na redução do número de parceiros sexuais e na abstinência sexual. No último ano, porém, o tratamento com drogas como Truvada mostrou que houve uma redução nas taxas de infecção em homens homossexuais, e o uso de um gel vaginal diminuiu a índice de contágio em mulheres heterossexuais. Além disso, uma vacina contra a AIDS foi parcialmente eficaz num ensaio aplicado na Tailândia.
A pesquisa médica não produz gratuidades. Mesmo assim, parece que os EUA resolveram mesmo que indiretamente reparar o monstruoso holocausto que promoveram com os africanos escravizados, verdadeiros responsáveis pela construção da nação estadunidense. O trabalho forçado e gratuito por mais de 300 anos construiu grandes impérios econômicos que agora, mesmo que de maneira difusa, promovem algum alento naquele continente outrora glorioso e que agora, pós-colonização, é triste depositário de todos os flagelos da humanidade.
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